quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Baião


Baião é uma vila portuguesa no Distrito do Porto, região Norte e sub-região Tâmega, com cerca de 2.800 habitantes.
É sede de um município com 175,71 km² de área e 21.152 habitantes (2006), subdividido em 20 freguesias. O município é limitado a norte pelo município de Amarante, a leste pelo Peso da Régua e por Mesão Frio, a sul por Resende e Cinfães e a oeste pelo Marco de Canaveses.
Na passagem da Alta para a Baixa Idade Média, dá-se a formação da Terra de Baião, que era dominada por um castelo: o Castelo de Matos, antigo Castelo de Penalva. A Terra de Baião é a origem da família nobre dos Baiões, descendentes de D. Arnaldo (trisavô de Egas Moniz, aio de D. Afonso Henriques), um guerreiro que veio combater os Mouros na península Ibérica, por volta de 985. As terras de Baião foram-lhe concedidas como prémio pela sua bravura, pelo rei de Castela. Alguns historiadores pensam que D. Arnaldo seria um guerreiro alemão que perdeu o seu ducado numa guerra; outros, que seria um cavaleiro de Bayonne, filho de um rei de Itália e neto de um rei de França, e que seria essa a origem do nome de Baião.
Mais tarde, D. João I deu as terras de Baião a um parente do Condestável, D. Nuno Álvares Pereira. Tendo voltado à Coroa no tempo de D. João II. Baião recebeu foral de D. Manuel I, em 1513.

O património de Baião não pode resumir-se em poucas linhas porque é resultado de uma longa história que se perde na bruma dos tempos. Para já não falar de alguns vestígios da fase em que os homens apenas sabiam caçar e colher os frutos silvestres, é do período Neolítico (pedra nova, polida), com mais de cinco mil anos que nos ficou um vasto conjunto de monumentos megalíticos (pedras grandes) e de outros testemunhos (vasos, lâminas, machados, contas de colar…) constituindo o Campo Arqueológico da Serra da Aboboreira, cujo ex-líbris é o Monumento Nacional Dólmen de Chã de Parada 1, em Ovil.
No decorrer dos milénios e dos séculos, passando sobre as idades dos metais e as civilizações antigas até ao domínio dos romanos, esses testemunhos foram-se acumulando e dando conta das mudanças operadas no modo de viver das populações locais ou para aqui deslocadas. O Tesouro de Baião, um dos melhores conjuntos primitivos de joalharia em ouro, a quantidade de Castros (alguns romanizados, com destaque para o do Cruito, no Gôve), os caminhos romanos, o marco miliário, as epígrafes, as necrópoles, as aras dedicadas a Júpiter, são outros tantos exemplos da riqueza patrimonial que nos conta muitas histórias de uma longa história e que nos transporta a imaginação para outras que o rigor da ciência ainda não descobriu e deixa por conta de curiosas lendas.
A introdução do cristianismo apresenta bem cedo as suas marcas e o mosaico polícromo paleo - cristão de Frende é caso raro no noroeste peninsular. Foi na passagem da Alta para a Baixa Idade Média que, à sombra do Castelo de Matos, nasceu a Terra de Baião, tenência de uma das mais nobres e antigas famílias ligadas à fundação de Portugal. Desse período vêm os Mosteiros de Santa Maria de Ermelo, em Ancede, junto ao Douro, cujas ruínas da igreja estão classificadas, com a sua linda janela gótica, e o Mosteiro de Santo André de Ancede, que foi sede de um Couto enriquecido constantemente até à extinção das ordens religiosas. O conjunto da Igreja, Capela da Senhora do Bom Despacho, Quinta e Convento dá-nos a conhecer muito mais do que a actividade religiosa dos frades que por ali passaram, particularmente nos aspectos culturais e económicos da região.
De todas as igrejas e capelas se pode recordar muita outra história e apreciar algumas valiosas peças da arte sacra. Na paroquial de Valadares, por exemplo, conservam-se ainda vestígios muito raros de pintura a fresco datados do século XV. E não se pode esquecer que antes do concelho de Baião ter a configuração actual havia também o da Teixeira, onde o Pelourinho ali está como lembrança desses tempos. Mas também com raízes ancestrais foram contribuindo para a ocupação e desenvolvimento do território várias famílias nobres de que resultou outro aspecto interessante da humanização da paisagem: algumas dezenas de solares e casas apalaçadas que enriquecem a arquitectura do concelho. Algumas emprestam a sua fidalguia de bem receber ao turismo de habitação. tormes
A “Casa de Tormes” constitui exemplo à parte e único, porque, sendo antes de “Vila Nova”, o seu nome actual lhe vem da fantasia de Eça de Queiroz, que assim a imortalizou em “A Cidade e as Serras”. E deste jeito se fala também da relação privilegiada que Baião tem com outros escritores como Soeiro Pereira Gomes, Camilo, Visconde de Vila Moura, Augustina , Alves Redol e António Mota ou ainda, com o Cinema de Manoel de Oliveira.

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